quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ceticismo

"(...) A religião não deve existir para tapar os buracos da nossa ignorância. Isso a desmoraliza. É verdade, não podemos ainda explicar de forma satisfatória a origem do Universo. Existem inúmeras hipóteses, mas nenhuma muito convincente.
Mesmo se tivéssemos uma explicação científica, sobraria uma outra questão: o que determinou o conjunto das leis físicas que regem este Universo? Por que não um outro? Existe aqui uma confusão sobre qual é a missão da ciência. Ela não se propõe a responder a todas as questões que afligem o ser humano.
A ciência, ou melhor, a descrição científica da natureza, é uma linguagem criada pelos homens (e mulheres) para interpretar o cosmo em que vivemos. Ela não é absoluta, mas está sempre em transição, gradativamente aprimorada pela validação empírica obtida através de observações. A ciência é um processo de descoberta, cuja língua é universal e, ao menos em princípio, profundamente democrática: qualquer pessoa, com qualquer crença religiosa ou afiliação política, de diferentes classes sociais e culturas pode participar desse debate.
Ela não terá jamais todas as respostas, pois nem sabemos todas as perguntas. O cético prefere viver com a dúvida do que aceitar respostas que não podem ser comprovadas, que são aceitas apenas pela fé. Para ele, o não-saber não gera insegurança, mas sim mais apetite pelo saber. Essa talvez seja a lição mais importante da ciência, nos ensinar a viver com a dúvida, a idolatrá-la. Pois, sem ela, o conhecimento não avança."

Texto extraído do site "Micro/Macro" de Marcelo Gleiser

sábado, 14 de agosto de 2010

Encontro e desencontro de letras, de palavras.


No princípio era assim...

De um lado algumas letras soltas, livres. De outro palavras que queriam SER. Palavras desejos, sonhos, tristes, condenadas a uma única melodia.

Mas a vida de uma forma mágica, começou a juntar essas palavras-letras.

Uniu significantes, fez significados. O que não era se fez.

Uma nova melodia se ouviu, novas músicas romperam ... e o encontro se tornou um fato.

Houve o toque, o coração bateu forte. A carne se abriu e explosivamente as letras tornaram se corpo e luxúria aparentes. O gozo fazia cócegas e as palavras foram poucas...

Chamaram então o amor e ele foi se encaixando nas entre linhas, sem medo de extrapolar as páginas. Permitiu experiências jamais vividas, acalmou, sedimentou, desabrochou.

Convidaram então a alegriaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, que se juntou a tantos “as” que parecia não ter fim.

Ao fundo a música compunha de forma essencial o encontro, ora inebriante e ardente, ora calmo e pacificador. Aliás, durante todo esse tempo de encontro DAS PALAVRAS, a música esteve presente, emprestando seus versos, envolvendo as mentes.

Mas de repente, a música cessou... e aquele mundo emudeceu. Nada mais foi dito, nada mais foi falado, nada mais foi escrito.

Ficaram muitas ????? e algumas ...

Em poucos segundos as palavras voltaram a ser letras isoladas, sozinhas e ninguém entendeu.

Haverá outros encontros? A música voltará a tocar? Frases serão compostas?

Será? Será? Será??