quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Laicidade à brasileira

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

(...)

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

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Art. 210 § 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Pior do que tá não fica"(?)

É interessantíssimo conversar com as pessoas ao redor e ouvir suas opiniões sobre a eleição de Tiririca para Deputado Federal. Os argumentos são impressionantes e variados. Permeiam desde "protesto", "burrice", "falta de opção" e até "representatividade" (esse foi muito bom! Gostaria de saber quem é que o Tiririca representa).
O que deve ser corrigido no que se diz por aí é quanto à legitimidade de uma pessoa como o Tiririca em se candidatar. Para quem chegou no Brasil agora digo que, desde 1988, instaurou-se uma democracia por aqui que, por mais defeitos e problemas que tenha, não deixa de se propor como tal, e se ela não funciona devidamente, não é tanto por causa da teoria e sim por causa da prática. E é assim: qualquer cidadão com mais de 18 anos, brasileiro, alfabetizado e que possua aptidão física e mental pode ser cadidato neste país, inclusive gays, palhaços, músicos, jogadores de futebol ou qualquer outro, sem distinção de raça, crença ou profissão. Não vivemos numa aristocracia. Ou seja, o caminho não é e nem pode ser o de proibir figuras como Tiririca de se tornarem candidatas.
Como sempre faço, para encurtar essa polêmica em torno da candidatura do nosso Deputado eleito, sugiro ler um artigo que considero bem interessante. Clique: "Deu Tiririca na Democracia?"
Como defensor da democracia que também sou, diria que, por mais capenga que esta seja, considero-a melhor do que qualquer ditadura ou sistema autoritário. Não coloquemos culpa na bendita democracia diante de nossa política! Para tanto, vale relembrar a célebre frase do filósofo francês Joseph De Maistre que diz: "cada povo tem o governo que merece".
Não reclamemos dos candidatos, mas aprendamos a escolhê-los e a fiscalizá-los! O problema não está nos candidatos. Está em quem os escolhe! Assim sendo, diante da impossibilidade de trocar o eleitorado brasileiro pelo americano, francês, alemão, alienígena ou outro mais indicado, só nos resta entender de política e aprender a votar!
Ah! Dizer que não gosta de política e que todo político é igual também não resolve nada! Talvez, apenas dê tranquilidade à consciência daqueles menos atentos à realidade em que estão inseridos. Afinal, fugir dos problemas ou "protestar" digitando "2222" na urna é bem mais fácil do que estudar e se interar dos assuntos, não acham?
Lembremos também de Sarte: "Estamos condenados à liberdade". Não há hipóteses de fuga!.O Estado está em todos os lugares e a política também, o que quer dizer que tudo que nossos REPRESENTANTES decidirem incidirá sobre nós. Queiramos ou não. Votemos ou não.
Conversar um pouco sobre política, ler os jornais, procurar entender o nosso governo e nossa história não é uma faculdade para quem pretende construir uma país melhor, mas uma obrigação. Ninguém precisa ser Doutor em Ciências Políticas, apenas acompanhar um pouco mais de perto o que estão fazendos os políticos que NÓS ELEGEMOS. Conversar com quem está próximo a nós, debater, mandar emails, escrever em redes sociais, blogs, twitter, tudo isso é uma forma de atuar politicamente hoje em dia. Embora fosse bom, a maioria das pessoas não está disposta a pegar faixas e ir para a rua em passeata ou fazer motim na porta dos prédios do governo. Se cada um fizer o que estiver ao seu alcance para ajudar a desenvolver a política e fomentar o exercício da democracia de forma mais adequada já estará contribuindo muito.
Do contrário, se preferirmos ficar "protestando" em vez de votar conscientemente, quem sabe no futuro, a gente não consiga por fim ao mote de campanha do Tiririca e concluir que, na verdade, o que ele tinha era uma imaginação ruim e que nada estava tão ruim que não pudesse piorar?