quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A ilusão do livre-arbítrio

Embora tenha sido objeto de discussões na filosofia grega, foi com Santo Agostinho, no século IV, que o livre-arbítrio se transformou em doutrina teológica, sendo a partir daí amplamente difundida e adotada pelos religiosos. Grosso modo, o livre-arbítrio seria a possibilidade de agirmos conforme nossa vontade em casos que, obviamente, há escolhas a serem feitas. Por outro lado, não há livre-arbítrio quando não for possível agir de forma adversa.
No cotidiano, temos a faculdade de realizar ações que, em tese, poderíamos não realizar caso quiséssemos. O que defendo aqui é que esta noção não é tão simples quanto parece. Será que temos realmente a faculdade plena de escolher entre essa ou aquela hipótese? Estamos inteiramente livres para escolher entre fazer ou não fazer certas coisas?
Já no século XVII, Spinoza dirá que “a vontade não pode ser chamada causa livre, mas unicamente necessária”. Talvez começasse aí a ideia que Freud alicerçou como sendo suas teorias sobre os impulsos e desejos da nossa mente e que atualmente, viria a inspirar Giannetti no seu fisicalismo. Freud, sem modéstia, anunciou que suas descobertas sobre o inconsciente causariam na raça humana o sofrimento pela terceira “cisão narcisista” (1) por afirmar que o homem não age de forma livre, mas sim conforme seus impulsos e desejos inconscientes, como se fossemos reféns do mesmos.
O fisicalismo (2) irá mais longe ainda e irá propor que o “eu” é uma construção da mente. É um ente abstrato que acreditamos existir devido a nossas experiências de vida, mas que na verdade, não é nada senão o nosso próprio cérebro exigindo as satisfações e as realizações de nossas vontades, forçando-nos agir da forma que agimos.
Desta forma, acreditamos estar agindo a todo instante conforme queremos e escolhemos sem notar que na verdade, estamos satisfazendo desejos - e não necessidades - que se encontram em nosso inconsciente. Tal noção é facilmente percebida se começarmos a notar o que nos leva a consumir certos produtos, a trabalhar em certas atividades e a nos relacionar com determinadas pessoas. Sem muito esforço, perceberemos o quanto condicionamos nossos atos aos resultados que estes trarão. Por vez, estes resultados que almejamos são construídos pelo meio social em que vivemos, de forma que nossas ambições e desejos são moldados não só pela realidade que vivemos, mas também por aquela que desejamos viver. O agir é condicionado à finalidade. Conforme Jamie Arndt, psicólogo da Universidade do Missouri, "sabemos que o que é acessível em nossas mentes pode exercer uma influência no julgamento e comportamento simplesmente por estar ali, flutuando na superfície da consciência".
Voltando à Spinoza, o filósofo dirá ainda que “o esforço pelo qual cada coisa se esforça por perseverar em seu ser, nada mais é do que a sua essência atual, sendo que, a partir das afecções que a coisa sofreu, ela tende sempre a buscar aquilo que a conserve ou aumente a sua capacidade de afetar outros corpos” (3).
Spinoza tece críticas relevantes ao livre-arbítrio que acreditamos ter considerando-o mera ilusão (o que Giannetti trabalhará também em sua obra “O Auto-engano”). Embora em outras palavras, o filósofo descreve metaforicamente mas, de forma parecida, o que Freud cunhou em relação ao controle de nossos desejos e impulsos no trecho seguinte: “Se a pedra lançada tivesse consciência do seu movimento e da sua tendência a perseverar no movimento, julgar-se-ia livre, na medida em que ignoraria o impulso que produziu o seu movimento, que determinou de uma certa maneira a sua faculdade de estar em movimento ou em repouso. Do mesmo modo, aquele que na cólera, na embriaguez ou em sonho, crê agir livremente, é porque ignora as forças que o impelem contra a sua vontade.”
No campo religioso, o livre-arbítrio não pode ser visto senão como uma limitação aos poderes de Deus, pois, sendo ilimitados seus poderes, não haveriam explicações para que ele não interferisse positivamente na Terra para impedir os males. A teodicéia proposta por Epicuro é incisiva neste aspecto: se Deus é onipresente (está em todos os lugares), onisciente (tudo conhece e sabe) e onipotente (tudo pode), em conclusão, só há três hipóteses para explicar os males mundanos. Ou Deus é cruel e não quer deter o mal, ou é impotente porque não pode detê-lo ou por último, ele não sabe como fazê-lo. Com o livre-arbítrio, a noção de que "nem uma folha cai da árvore sem a vontade Deus" se desfaz e é transferida para nós a responsabilidade de tudo (ou quase tudo) que nos rodeia. Deus se exime das desgraças terrenas, cabendo a ele apenas julgamentos pós morte, o que em contrapartida cria sérias controvérsias quanto a responsabilidade de Deus para com o mundo e para com o homem (sua criação à imagem e semelhança).
Em suma, diria que é complexa a noção que possuímos de livre-arbítrio pelos motivos expostos tanto no âmbito prático como no teológico. Se há mesmo uma possibilidade plena de escolha e se somos realmente "condenados à liberdade" como propôs Sartre, podemos concluir que a existência ou não de um Deus é indiferente, pois nada muda para nós enquanto seres vivos e agentes. Por outro lado, se não há essa liberdade plena em que acreditamos, só restou a hipótese de que somos reféns de Deus ou dos nossos próprios desejos.

1 - Para Freud, a primeira cisão narcisista na humanidade aconteceu com a descoberta de Copérnico de que a Terra não é o centro do universo, mas uma parte insignificante dele. A segunda seria causada por Darwin, que retira o posto do homem de criação divina, comprovando através de seus estudos que nada somos senão uma espécie animal que evoluiu.
2 - Para o fisicalismo, mente é igual a corpo e tudo se reduz a um processo físico, não existem idéias privadas nem dualismo.
3 - Retirado da obra “A Ética” de Spinoza.

24 comentários:

  1. Bem, vou tentar ser breve porque estou no horário de almoço. Existe uma impropriedade, ou melhor dizendo, uma omissão quanto a acepção do "eu" em Freud, enquanto ser que age conforme seus instintos. Ele afirma que o "eu" é um ponto de equilíbrio enquanto mediador de duas forças opressoras: O instinto primitivo e a cultura civilizadora. Um é a negação do outro e o "eu" tem que contrabalancear essas duas forças.
    Pensar em livre-arbítrio realmente é fuçar as poeiras de um baú velho,sujo e obsoleto. Deus é um conceito moral, cuja eficiência é indubitável, parabéns aos povos de Iavé, quem o concebeu!
    Não quero entrar no mérito, mas que tenho preguiça de pensar em moralidades cristãs, judias, entre outros credos dogmáticos, isto sim eu tenho.
    Mas parabéns pela iniciativa de iniciar debates que não são lá dos mais comuns, ainda mais na internet, onde o inconsciente coletivo entendeu como o berço de despejo dos seus instintos reprimidos. Quer lugar para estravasar mais a sexualidade reprimida do homem moderno do que a ilusão coletiva de que a internet não é um espaço público?
    Hoje assistimos os velhos e empoeirados instintos escapando pelas frestas da fibra ótica!

    Até mais.

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  2. Nesse caso, vc se refere à duas forças antagônicas que são o instinto e a socialização. Não é o caso quanto ao livre-arbítrio. Não é necessário levarmos em conta os extremos. Todos nós fazemos escolhas a todo tempo. A pergunta é: o que nos faz escolher isso e não aquilo? Embora achemos que as escolhas são 100% racionais, a psicologia contrapõe afirmando que não são, pois vários fatores psicossociais nos levam a fazer as escolhas.

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  3. Na abertura do primeiro filme do Che tem uma frase interessante: as pessoas são determinadas por fatores [sociais] que elas sequer conhecem...
    Acho que é um pouco isso, a liberdade na acepção burguesa, de fazer o que quiser, quando quiser, não existe. Liberdade é conhecer aos fatores que nos determinam para que possamos transformá-los...

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  4. "A teodicéia proposta por Epicuro é incisiva neste aspecto: se Deus é onipresente (está em todos os lugares), onisciente (tudo conhece e sabe) e onipotente (tudo pode), em conclusão, só há três hipóteses para explicar os males mundanos."
    Esqueceram de um ponto, DEUS é soberanamente justo e bom... Se assim o é, sempre haverá uma nova oportunidade para se reparar um erro, lei de causa e efeito, todos nós somos espíritos e somos imortais, nascemos,como espíritos, simples e ignorantes e temos o "determinismo" divino de voltarmos ao Pai só que a matéria dificulta essa trajetória, O livre arbítrio é sempre o que fala mais alto. Sem ele, qual o mérito ou demérito do Ser em processo de evolução?
    Como conseqüência natural do poder escolher, temos a responsabilidade pela escolha como característica básica deste momento evolutivo. Por isso, essa faculdade só pode ser conquistada pelo ser pensante no momento em que ele se acha maduro para tal.
    " O livre arbítrio é sempre proporcional à condição evolutiva do ser. Nos primeiros momentos de humanidade, o Espírito quase não o tem. Está mais sujeito ao determinismo, porque não tem conhecimento nem experiência para avaliar melhor sua escolha. É como aquela criança a quem não permitimos realizar determinadas ações, por ela não conhecer ainda os perigos que corre.
    Nesta fase, o Criador, em sua infinita misericórdia, permite que Espíritos mais elevados tracem-lhe o caminho a seguir, como forma de suprir-lhe a falta de experiência.
    O Espírito de média evolução tem menos restrita esta faculdade. É como o jovem, que após passar pela disciplina necessária do momento infantil, tem mais possibilidades de decisão.
    O Espírito evoluído é como o homem maduro em que as provações e os corretivos já formaram sua personalidade, e como conseqüência sua liberdade é maior."
    Pensem em reeencarnção e verão sentido para o lívre arbítrio.
    Caso se iinteressem pela filosofia espírita procurem leiam as questões 843 a 850 do livro dos espíritos de Allan Kardec

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  5. Segue o trecho do livro, para faciliar o entendimento dessa filosofia.


    LIVREARBÍTRIO
    843. Tem o homem o livrearbítrio
    de seus atos?
    “Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o
    livrearbítrio,
    o homem seria máquina.”
    844. Do livrearbítrio
    goza o homem desde o seu nascimento?
    “Há liberdade de agir, desde que haja vontade de fazêlo.
    Nas primeiras
    fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o
    desenvolvimento das faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o
    que a sua idade reclama, a criança aplica o seu livrearbítrio
    àquilo que lhe é
    necessário.”
    845. Não constituem obstáculos ao exercício do livrearbítrio
    as predisposições
    instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?
    “As predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar.
    Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastálo
    à prática de atos
    repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas
    disposições. Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a
    vontade de resistir. Lembraivos
    de que querer é poder.” (361)
    846. Sobre os atos da vida nenhuma influência exerce o organismo? E, se essa
    influência existe, não será exercida com prejuízo do livrearbítrio?
    268 – Allan Kar dec
    “É inegável que sobre o Espírito exerce influência a matéria, que pode
    embaraçarlhe
    as manifestações. Daí vem que, nos mundos onde os corpos são
    menos materiais do que na Terra, as faculdades se desdobram mais livremente.
    Porém, o instrumento não dá a faculdade. Além disso, cumpre se distingam as
    faculdades morais das intelectuais. Tendo um homem o instinto do assassínio, seu
    próprio Espírito é, indubitavelmente, quem possui esse instinto e quem lho dá; não
    são seus órgãos que lho dão. Semelhante ao bruto, e ainda pior do que este, se torna
    aquele que nulifica o seu pensamento, para só se ocupar com a matéria, pois que não
    cuida mais de se premunir contra o mal. Nisto é que incorre em falta, porquanto
    assim procede por vontade sua.” (Vede Nº 367 e seguintes — “Influência do organismo”.)
    847. A aberração das faculdades tira ao homem o livrearbítrio?
    “Já não é senhor do seu pensamento aquele cuja inteligência se ache
    turbada por uma causa qualquer e, desde então, já não tem liberdade. Essa aberração
    constitui muitas vezes uma punição para o Espírito que, porventura, tenha sido,
    noutra existência, fútil e orgulhoso, ou tenha feito mau uso de suas faculdades. Pode
    esse Espírito, em tal caso, renascer no corpo de um idiota, como o déspota no de um
    escravo e o mau rico no de um mendigo. O Espírito, porém, sofre por efeito desse
    constrangimento, de que tem perfeita consciência. Está aí a ação da matéria.” (371 e
    seguintes)
    848. Servirá de escusa aos atos reprováveis o ser devida à embriaguez a aberração
    das faculdades intelectuais?
    “Não, porque foi voluntariamente que o ébrio se privou da sua razão, para
    satisfazer a paixões brutais. Em vez de uma falta, comete duas.”
    849. Qual a faculdade predominante no homem em estado de selvageria: o instinto,
    ou o livrearbítrio?
    “O instinto, o que não o impede de agir com inteira liberdade, no tocante a
    certas coisas. Mas, aplica, como a criança, essa liberdade às suas necessidades e ela
    se amplia com a inteligência. Conseguintemente, tu, que és mais esclarecido do que
    um selvagem, também és mais responsável pelo que fazes do que um selvagem o é
    pelos seus atos.”
    850. A posição social não constitui às vezes, para o homem, obstáculo à inteira
    liberdade de seus atos?
    “É fora de dúvida que o mundo tem suas exigências. Deus é justo e tudo
    leva em conta. Deixavos,
    entretanto, a responsabilidade de nenhum esforço
    empregardes para vencer os obstáculos.”

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  6. "DEUS é soberanamente justo e bom" foi boa!
    Talvez o tsunami na Ásia, em 2004, que matou mais de 300 mil pessoas seja uma prova dessa justiça e bondade. Ou, aliás, como quer os espíritas, um genocídio nessas proporções seja um karma coletivo necessário para atingir os "fins pedagógicos" que o "benevolente" propósito divino preparou para essas 300 mil pessoas e suas famílias. É mesmo muita bondade!
    Essa ideia de karma é a coisa mais absurda que já se disse. Deixe-me ver se entendi... A reencarnação segue um critério similar a uma “promoção”. Se você vive cometendo ações ruins, você sofrerá na próxima vida. Do contrário, se foi uma pessoa boa, na próxima vida desfrutará da felicidade e dos prazeres mundanos ou extramundanos. Acho que sendo assim, não há como concluir que os povos da Somália, Angola ou da Favela da Rocinha estão pagando os erros de vidas passadas. Por outro lado, obviamente, Suecos e Noruegueses foram “promovidos”. Chega a ser inacreditável, mas ouvi da boca de uma mulher espírita que “a raça negra é uma raça menos evoluída” e que “boa parte deles são reencarnações dos soldados romanos”. Daí a explicação para tamanho sofrimento no Haiti, na África e nas favelas. Pessoa boa nasce branquinha, pessoa má nasce negrinha e no gueto!
    Daí, todas as desgraças humanas estão relacionadas a suas atitudes na vida passada. Isso acontece a todos, mesmo que não saibamos nada do que fizemos na tal vida passada. É mesmo muita bondade e justiça!

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  7. Como criativo que sou e otimista sonhador. Diria que, o homem ainda se transformará em Deus e aí sim nenhuma folha cairá de uma árvore sem que ele não saiba. E a matemática será a alma de tudo unindo-se a informática. Em outras palavras, BERKELEY + MATRIX. No futuro seremos mais felizes... Wesley, o homem vai criar Deus de outra forma. O homem vai reproduzir Deus. Talvez seja este o propósito de sua realidade. Talvez aquela célula matriz que tanto evoco seja um ser indestrutível e muito sábio em seu nano-pensamento. Talvez sejamos escravos de um ser trilhonésimamente minúsculo habitando em nossa cabeça. Vai saber. Nossa raça vai criar uma coisa absurdamente fascinante. Sairemos do espelho. Deus será revelado e a mãe natureza será preservada. É como falo, se estamos num universo sem fim, infinito, rumo ao desconhecido, o fato já está consumado. Tudo é válido a priori. Olhe para o sol amanhã e pense que daqui 6 meses estará atrás dele. Quando passar este tempo, você olha pro sol e pensa, há 6 meses atrás eu estava lá atrás. Mas as vezes ninguém percebe isso. Viajamos a toda velocidade. Fazemos + ou - 43000km em 24 horas. E a galáxia vai junto a toda também. Vamos surfando neste impulso inicial e aqui o pau quebra. Vale capoeira, xadrez, sinfonia, direito, filosofia, cinema, política, guerra, churrasco, zona e blá blá blá. No mais, não há de se esperar harmonia dentro desse navio. Muita gente pula fora se matando. Outros tentam ter mais inteligência e todos tem direitos. Não há lei neste mundo que vai educar uma nação inteira enquanto houver diversidade. E a diversidade é a salvação do mundo. Quer ir contra negros que ganham bolsas em faculdades federais? Fique à vontade, você não é racista. Seu livre arbítrio é justo para com sua razão. Mas vai viver no universo do negro para sentir na pele este benefício e reconhecimento. Vai ser negro pra ver. O Mundo tem uma dívida enorme com os negros. Espero que ninguém se ofenda com minhas opiniões. Não são pessoais nem direcionadas a ninguém. Mas se o assunto é livre arbítrio, este mesmo sabe muito bem que não é tão vítima do inconsciente assim. Este pensamento robótico é típico de ateus. Mas eles se esquecem do místico da vida. Ignoram a carne e o sangue do corpo humano. Ignoram o movimento dos seres vivos analisando-os como meros robôs do acaso, como se nascessem do nada. Como se simplesmente a terra e o universo o desenvolveram ali. A criação (Evolução) do seres vivos é consciente. Não inconsciente. Só somos sábios porque armazenamos memórias, obviamente as lembranças abalam nossas estruturas, mas é o consciente quem manda. O exato fluir. O inconsciente só manda nos sonhos. O que acontece na terra, dentro da matéria, não tem nada a ver com Deus. Tsunami não tem nada a ver com Deus. Deus é o que cada um pensa dele. Afinal, se todo ser humano é igual "a" + "a" = "a" o que "a1" pensa nada mais é de diferente (teoricamente) mais importante do que "a2" pensa. O que realmente importa é que a soma dos dois resultados é o conjunto de "aaaaaaaaaaaaaaaaaa...." por tanto, ninguém é diferente de ninguém neste contexto. Neste âmbito, todos somos iguais assim como as formigas. Mas como temos memórias, fazemos do livre arbítrio uma metralhadora de argumentos. Só o consciente pode ordenar minhas palavras. Um filtro. Nada mais. Obrigado pelo o espaço. Grande abraço meu amigo e sucesso para seu Blog muito bacana.

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  8. My friend, já nos transformamos em nossos próprios deuses. Como vc mesmo disse: "Deus é aquilo que pensamos dele". Em outras palavras que repito há anos: "nós criamos Deus a nossa imagem e semelhança".
    Mas, dentre tantas frases, a que mais gosto ainda é: "Deus se extinguirá com o último dos homens." Abraço, Celinho!

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  9. No mais, gostaria que o "Anônimo" que veio ao blog dar lições de espiritismo aparecesse para esclarecer onde está a justiça e a bondade nessa ideia de karma. Sinceramente, já tentei várias vezes, mas até hoje não consegui perceber. Acho que só poderei fazê-lo quando abandonar a noção de justiça que tenho, pois para mim é como se jogasse uma pessoa na cela, condenando-a a prisão perpétua, sem dizer-lhe o por quê. Será que "O Processo", de Franz Kafka, foi inspirado na ideia de karma?

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  10. Caro Wesley, sou o "Anônimo", pq. não me cadastrei no site, estou de passagem.
    Meu nome é Júlio, sou de Belo Horizonte MG e me perdoe, não vim dar lições de Espiritimo, longe de mim, apenas coloquei uma opinião de uma pessoa encarnacionista, não sei qual a sua opinião sobre isto mas, como gosto de estudar, sou aberto a ler e tentar compreender como as coisas se processam e minha percepção sobre o livre arbítrio, ele só pode ser entendido se compreendermos o mecanismo da reencarnação.
    O Espiritimo não é religião, é uma doutrina que se apoia na ciência e filosofia para então se religar a DEUS, em resumo é uma fé raciocinada que não aceita dogmas.
    Mais uma vez me perdoe pelas exposições, mas como não sei o que vc. conhece sobre o Kardecismo, ou se aceita a reencarnação ou até mesmo se acredita em DEUS, vou dar uma ligeira pincelada ok!
    A base da doutrina se baseia em 5 livros,
    O Livro dos Espíritos 1857
    O Livro dos Médiuns 1861
    O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1864
    O Céu e o Inferno 1865
    A Gênese 1868
    Todos ditados pelo espírtio da verdade, que não é apenas um e sim uma pleiade, e codificados por Hippolyte Léon Denizard Rivail cujo pseudônmo é Allan Kardec.

    A forma como irei lhe explicar sobre o desencarne coletivo, será através de uma postagem onde todos os referêciais estarão nestes livros, caso tenha interesse é so digitar o nome que há dowload de todos.

    Primeiro, como você mesmo disse que repete há anos que "nós criamos Deus a nossa imagem e semelhança". No Livro dos espíritos, uma série de 1019 perguntas e respostas, a de número 1 é sobre DEUS, e pergunta é a seguinte:

    QUE É DEUS ? Perceba que a pergunta não é feita o que é, ou quem é DEUS.
    “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

    Mas nós Seres humanos, costumamos criar um deus a nossa imagem e semelhança,egoísta e orgulhoso e colocamos todas as nossas imperfeições nele, Vingativo, Punitivo, etc...

    Mas, vamos lá... Segue o artigo.

    de Suely Caldas Schubert - Uma profunda estudiosa conhecedora e palestrante do Espiritismo.


    "A dolorosa ocorrência da queda do avião da TAM, que ia de São Paulo para o Rio, causando a morte de quase cem pessoas, traz novamente, de forma mais intensa e angustiosa a pergunta: por quê? por que acontecem essas tragédias coletivas? Outras indagações acorrem à mente: por que alguns foram salvos, desistindo da viagem ou chegando atrasados ao aeroporto? Por que alguns foram poupados e outros receberam o impacto da queda do avião em suas casas ou na rua?

    Somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras que explicam, esclarecem e, por via de conseqüência, consolam os corações humanos.
    Para a imensa maioria das criaturas essas provas coletivas constituem um enigma insolúvel pois desconhecem os mecanismos da Justiça Divina, que traz no seu âmago a lei de causa e efeito.
    Ante tragédias como essa mais recente, ou como outras de triste memória: o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo; o incêndio no circo em Niterói; outros desastres de avião; terremotos; inundações; enfim, diante desses dramáticos episódios a fé arrefece, torna-se vacilante e, não raro, surge a revolta, o desespero, a descrença. Menciona-se que Deus castiga violentamente ou que pouco se importa com os sofrimentos da Humanidade. Chega-se ao ponto de comparar-se o Criador a um pai terreno e, nesse confronto, este sair ganhando pois zela pelos seus filhos e quer o melhor para eles, enquanto que Deus...

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  11. O Codificador do Espiritismo interrogou os Espíritos Superiores quanto às provas coletivas, no item intitulado Flagelos Destruidores, conforme vemos em "O Livro dos Espíritos", nas questões 737 a 741, que recomendamos ao atencioso leitor.
    Nos últimos tempos a Espiritualidade Amiga tem-se pronunciado a respeito das provações coletivas, conforme comentaremos a seguir.
    Exatamente no dia 17 de dezembro de 1961, em Niterói (RJ), ocorre espantosa tragédia num circo apinhado de crianças e adultos que procuravam passar uma tarde alegre, envolvidos pela magia dos palhaços, trapezistas, malabaristas e domadores com os animais. Subitamente irrompe um incêndio que atinge proporções devastadoras em poucos minutos, ferindo e matando centenas de pessoas, queimadas, asfixiadas pela fumaça ou pisoteadas pela multidão em desespero.
    Essa dramática ocorrência, que comoveu o povo brasileiro, motivou a Espiritualidade Maior a trazer minucioso esclarecimento, conforme narrativa do Espírito Humberto de Campos, inserida no livro "Cartas e Crônicas" (ed. FEB), cap. 6.
    Narra o querido cronista espiritual que no ano de 177, em Lião, no sopé de uma encosta mais tarde conhecida como colina de Fourvière, improvisara-se grande circo, com altas paliçadas em torno de enorme arena. Era a época do imperador Marco Aurélio, que se omitia quanto às perseguições que eram infligidas aos cristãos. Por isto a matança destes era constante e terrível. Já não bastava que fossem os adeptos do Nazareno jogados às feras para serem estraçalhados.
    Inventavam-se novos suplícios. Mais de vinte mil pessoas haviam sido mortas.
    Anunciava-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do imperador. As comemorações para recebê-lo deveriam, portanto, exceder a tudo o que já se vira. Foi providenciada uma reunião para programação dos festejos.
    Gladiadores, dançarinas, jograis, lutadores e atletas diversos estariam presentes. Foi quando uma voz lembrou: -"Cristãos às feras!" Todos aplaudiram a idéia, mas logo surgiram comentários de que isto já não era novidade. Em consideração ao visitante era preciso algo diferente. Assim, foi planejado que a arena seria molhada com resinas e cercada de farpas embebidas em óleo, sendo reunidas ali cerca de mil crianças e mulheres cristãs. Seriam ainda colocados velhos cavalos e ateado fogo. Todos gargalhavam imaginando a cena. O plano foi posto em ação. E no dia seguinte, conforme narra Humberto de Campos, ao sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, encontraram a morte, queimadas ou pisoteadas pelos cavalos em correria.
    Afirma o cronista espiritual que quase dezoito séculos depois, a Justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou os responsáveis em dolorosa expiação na tragédia do circo, em Niterói.
    Uma outra tragédia também mereceu dos Benfeitores Espirituais vários esclarecimentos.
    Por ocasião do incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido no dia lº de fevereiro de 1974, o médium Francisco Cândido Xavier, em seu lar, em Uberaba (MG), ouvindo a notícia pelo rádio, reuniu-se em prece com quatro amigos, solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais para as vitimas .
    Atendendo ao apelo apresenta-se o Mentor Espiritual Emmanuel e escreve, através do médium, comovedora prece inserida no livro "Diálogo dos Vivos".*
    Dias depois, em reunião pública, na qual estavam presentes alguns familiares de vítimas do incêndio do Joelma, os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires (Espíritos) manifestaram-se pela psicografia, ditando ao médium sonetos referentes à tragédia.
    O soneto de Cyro Costa traz uma dedicatória e o transcrevemos, tal como está, no citado livro "Diálogo dos Vivos" (cap. 26, pág. 150):
    Luz nas chamas
    Cyro Costa

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  12. (Homenagem aos companheiros desencarnados no incêndio ocorrido na capital de São Paulo a 1º de fevereiro de 1974, em resgate dos derradeiros resquícios de culpa que ainda traziam na própria alma, remanescentes de compromissos adquiridos em guerra das Cruzadas.)
    Fogo!... Amplia-se a voz no assombro em que se espalha.
    Gritos, alterações... O tumulto domina.
    No templo do progresso, em garbos de oficina,
    O coração se agita, a vida se estraçalha.

    Tanto fogo a luzir é mística fornalha
    E a presença da dor reflete a lei divina.
    Onde a fé se mantém, a prece descortina
    O passado remoto em longínqua batalha...

    Varrem com fogo e pranto as sombras de outras eras
    Combatentes da Cruz em provações austeras,
    Conquanto heróis do mundo, honrando os tempos idos.

    Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória...
    Mas ouvem-se no Além os hinos de vitória
    Das Milícias do Céu saudando os redimidos.

    Tecendo comentários sobre o soneto de Cyro Costa, Herculano Pires (no livro retrocitado),pondera que somente a reencarnação pode explicar a ocorrência trágica. Segundo o poeta as dívidas remontavam ao tempo das Cruzadas. Estas foram realizadas entre os séculos XI e XIII e eram guerras extremamente cruéis com a agravante de terem sido praticadas em nome da fé cristã. Os historiadores relatam atos terríveis, crimes hediondos, chacinas vitimando adultos e crianças. Os débitos contraídos foram de tal gravidade que os resgates ocorreram a longo prazo. Tal como o do circo em Niterói. O que denota a Bondade Divina que permite ao infrator o parcelamento da dívida, pois não haveria condição de quitá-la de uma só vez.

    A idéia de que um ente querido tenha cometido crimes tão bárbaros às vezes não é bem aceita e muitos se revoltam diante dessas explicações, mas, conhecendo-se um pouco mais acerca do estágio evolutivo da Humanidade terrestre e do quanto é passageira e impermanente a vida humana, a compreensão se amplia e aceitam-se de forma mais resignada os desígnios do Criador. Por outro lado, que outra explicação atenderia melhor às nossas angustiosas indagações?
    Estas orientações do Plano Maior sobre as provações coletivas expressam, é óbvio, o que ocorre igualmente no carma individual. Todavia, é compreensível que muitos indaguem como seria feita a aproximação dessas pessoas envolvidas em delitos no passado. A literatura espírita, especialmente a mediúnica, tem trazido apreciáveis esclarecimentos sobre essa irresistível aproximação que une os seres afins, quando envolvidos em comprometimentos graves. A culpa, insculpida na consciência, promove a necessidade da reparação.
    O Codificador leciona de forma admirável a respeito das expiações, em "O Céu e o Inferno" (Ed. FEB), cap. 7 - As penas futuras segundo o Espiritismo. Esclarece que "o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela permanência no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem".

    Assim - expressa Kardec -, as condições para apagar os resultados de nossas faltas resumem-se em três: arrependimento, expiação e reparação.

    "O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa."

    Essa é a forma como entendemos, mais uma vez, longe de querer ser dono da verdade, é uma visão espírita, algo em que os reencarnacionistas acreditam. Fica mais uma contribuição e mais uma forma de se pensar, dentre muitas, no lívre arbítrio que de forma alguma se encerra nessa mera explanação.

    À disposição para dialogarmos

    Obrigado pelo espaço

    Júlio.

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  13. Então, Julio... Primeiramente, espiritismo não é ciência, definitivamente. Filosofia, talvez. Ciência é algo repetível, palpável, mensurável, testável. Se espíritos fossem tudo isso que eu disse, então poderia me provar que eles existem de fato, sem controvérsias. Aquilo que é passível de prova torna-se indubitável, o que não é o caso dos espíritos. Posso lhe provar que 2+2=4 pela força persuasiva desta afirmação, o mesmo já não ocorre com espíritos.
    Mas vamos ao ponto, que é a questão do karma, seja ele individual ou coletivo. Mesmo com os longos trechos que postou, não ficou explicitado onde reside a justiça e a bondade em se "pagar" inconscientemente por algo. Onde estaria o caráter pedagógico do cumprimento de uma pena por um crime desconhecido? Se não trago memórias dos meus erros de outra vida, poderia cair em um ciclo vicioso e errar por várias e várias vidas, sem nunca acertar, sem nunca aprender, pois não há memória que me faça agir de forma diferente. Isso é justo? É justo que as pessoas sofram inconscientemente por fatos que não se lembram? Não me parece nem um pouco...
    E ainda, o que Deus quer com isso? Seria ele, ao meu ver, um sádico, pois se quisesse mesmo o bem de seus "filhos", permitiria que aprendessem com os erros ao invés de colocá-los no mundo para irem errando e pagando, errando e pagando, numa loteria sem fim. Isso porque a atitude de todos, que temos no cotidiano, não se relaciona com erros de outras vidas, mas sim com os erros dessa vida, bem como com as condições de educação e civilidade a quais estamos expostos, nos permitindo evoluir intelectual e comportamentalmente. O que o espiritismo teria a dizer, por exemplo, sobre tribos canibais? Estão sujeitos às mesmas regras? E quanto a tantas outras culturas e tribos e povos que crescem com as mais diferentes crenças e costumes, que podem ser desde circuncisão feminina à sacrifícios humanos? Ora, se o espiritismo está mesmo correto, não há como não haver duas medidas para o mesmo fato. Um julgamento para o índio, outro para o islâmico e outro para mim. Os índios, enquanto forem índios (coisas que são há mais tempo do que somos "civilizados"), irão sofrer e sofrer e sofrer, sem evoluir?
    Se este Deus quisesse, não poderia poupar a humanidade de tanto sofrimento? Como vc iniciou o seu primeiro post, com a teodiceia de Epicuro, não seria este Deus impotente diante ao mal terreno? Onde ele quer chegar com esse laboratório no qual as cobaias somos nós? Testar sua criação para ver onde ela chega? Mas Ele não é onisciente? Então Ele já sabe!!!
    O que quero dizer é que o que parece perfeitamente lógico aos olhos do espiritismo, na verdade não tem nada de lógico ou autoexplicável.
    Veja, Julio, que chances de mudar sua realidade tem uma criança da Etiópia que já nasce aidética, no meio da miséria total, e que provavelmente não vai passar dos 5 anos? Isso é mais um karma necessário, mais uma "missão divina" para que ela evolua? Cara, na boa... Se isso lhe soa justo e bondoso gostaria que me disse então o que é injusto para ver se entendo.

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    1. Olá Wesley!

      Tudo na paz?

      Vamos a mais um diálogo sem a pretençaõ de encerrar o assunto e na medida do que eu puder contribuir para o seu entedimento estarei a disposição.

      Definição de ciencia tirada do Dicionario :

      Ciência [Do lat. scientia.] Conhecimento. Saber que se adquire pela leitura e meditação; instrução, erudição, sabedoria. Conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Soma de conhecimentos práticos que servem a um determinado fim. A soma dos conhecimentos humanos considerados em conjunto. Processo pelo qual o homem se relaciona com a natureza visando à dominação dela em seu próprio benefício.
      Para entender o porquê o espiritismo é uma ciência, necessário se faz conhecer o trabalho feito por Hyppolyte Leon Denizard Rivail, que era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina, tendo feito todos os estudos médicos e defendido brilhantemente sua tese. Lingüista insigne conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua.
      Escreveu, gramáticas, aritméticas, livros para estudos pedagógicos superiores; traduzia obras inglesas e alemãs e preparava todos os cursos de Levy-Alvarès, freqüentados por discípulos de ambos os sexos do
      faubourg Saint-Germain. Organizou também em sua casa, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada, de 1835 a 1840, e que eram muito freqüentados.

      Membro de várias sociedades sábias, notadamente da Academia Real d’Arras, foi premiado, por concurso, em 1831, pela apresentação da sua notável memória: Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da época? Dentre as suas numerosas obras convém citar, por ordem cronológica: Plano apresentado para o melhoramento da instrução pública, em 1828; em 18295, segundo o método de Pestalozzi, ele publicou, para uso das mães de família e dos professores, o Curso prático e teórico de aritmética; em 1831 fez aparecer a Gramática francesa clássica; em 1846 o Manual dos exames para obtenção dos diplomas de capacidade, soluções racionais das questões e problemas de aritmética
      e geometria; em 1848 foi publicado o Catecismo gramatical da língua francesa; finalmente, em 1849, encontramos o Sr. Rivail professor no Liceu Polimático, regendo as cadeiras de Fisiologia, Astronomia, Química e Física. Em uma obra muito apreciada resume seus cursos, e depois publica: Ditados normais dos exames na Municipalidade e na Sorbona; Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas. Tendo sido essas diversas obras adotadas pela Universidade de França, e vendendo-se abundantemente.

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    2. Não era um “Zé Mané” nem um lunático. Foi este Sr. de pseudônimo Allan Kardec quem codificou o espiritismo, através de métodos científicos. Se faz necessário a partir daquei Ler e entender a história de como os efeitos chamados de mesas girantes chamaram a atenção deste mestre levando-o a pesquisar incansavelmente e sempre com métodos puramente científicos, sem qual leitura todo o resto do nosso diálogo será em vão.
      sugiro baixar o livro dos espíritos e ler a introdução ao estudo da doutrina espírita a partir da parte III, para ter algum conhecimento a respeito de toda a metodologia criada e seguida por Allan Kardec, aí poderá dizer se é ou não cintífico.

      Segue um trecho de como ele conduzia este trabalho.

      “Foi aí que fiz os meus primeiros estudos sérios em Espiritismo, menos ainda por efeito de revelações que por observação. Apliquei a essa nova ciência, como até então o tinha feito, o método da experimentação; nunca formulei teorias preconcebidas; observava atentamente, comparava, deduzia as conseqüências; dos
      efeitos procurava remontar às causas pela dedução, pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo como válida uma explicação, senão quando ela podia resolver todas as dificuldades da questão.

      Por tudo isso afirmo, espiritismo é ciência pois, procura instruir, existe um conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio o que resultou nos 5 livros da codificação já dito anteriormente.

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    3. Vamos para a próxima questão: “não ficou explicitado onde reside a justiça e a bondade em se "pagar" inconscientemente por algo.” O que você chama de “ inconsciente” é a bondade de DEUS. Quando se tem conhecimento da reencarnação, fica mais fácil de entender, vou tentar lhe passar de forma bem didática como compreendemos isto: O espírito é criado simples e ignorante e é dado a ele o livre arbítrio, que é relativo ao seu entendimento, a partir da sua evolução, do seu conhecimento e das suas experiências, mais livre arbítrio ele terá e mais responsável pelas suas ações ele será. (Entenda aqui que livre arbítrio é algo que lhe da a livre escolha de acordo com a suas experiências, uma criança tem livre arbítrio que é restrito as suas necessidades básicas, através da influencia do meio e das suas experiências vai amadurecendo e decidindo cada vez mais por si e aí passa a ser também responsável pelos seu atos.) Dessa forma o espírito vai adquirindo experiências positivas e negativas, afetos e desafetos através dos seus acertos e desacertos. Cada vez que ele tem uma escolha que é contrária a lei divina (causa e efeito) ele tem que se reconciliar com ela através das provas ou expiações que você chamou de Carma ou Karma. As reencarnações são mecanismos divinos para nos reconciliarmos com a lei, a medida que evoluímos expurgamos um pouco nossas mazelas. Se considerarmos que fomos criados ha alguns milhões de anos atrás e que bem provável já fomos homens das cavernas, nômades, bárbaros, etc... hoje já temos muitas experiências e valores morais e por isso não mais matamos, (estou considerando um momento evolutivo na nossa vibração, claro que temos ainda muitos ladrões, assassinos etc... que estão em um momento evolutivo abaixo ok!) roubamos ou coisas deste genro, mas supondo que em uma última encarnação eu odiava uma pessoa e a matei cruelmente, infringi a lei divina e preciso me reconciliar com ela fazendo o que? Amando aquele que eu odiei anteriormente ( já dizia Jesus, quando alguém lhe bater numa face ofereça a outra). Aí vem o pulo do gato! Eu espírito reprogramo, com auxilio da espiritualidade superior, minha reencarnação para reconciliar-me com a lei, então não estou INCONSCIENTE, pois foi um desejo meu, mas ao reencarnar por misericórdia divina, me esqueço do combinado, e venho como pai daquele que odiei e cruelmente matei. Imagine você se eu soubesse exatamente tudo que acontecera anteriormente conseguiria eu aceitar aquele ser que um dia odiei, como meu filho para amá-lo? É por este motivo que muitas famílias, as vezes, tem problemas sérios, irmão que não gosta do irmão, desavenças de filhos com pais e vice-versa, não é regra, mas acontece. E como poderei progredir se não sei nada do meu passado? Mais uma vez o livro dos espíritos nos dá a dica: Observe as suas más tendências. Eu sou uma pessoa que descobri em mim a arrogância e a impaciência como más tendências, tenho trabalhado muito e policiado bastante, sendo mais humilde e paciente, não é fácil mas acredito estar no caminho, sairei dessa vida livre dessas mazelas? rsrsrsrs, talvez um pouquinho menos ruim que hoje. Por isso não cabe, para o espírita, dizer “ as pessoas sofram inconscientemente por fatos que não se lembram.”

      A programação da reencarnação, como falei antes, inclui vários fatores: família, educação, civilização, tribo, provas que passaremos e tudo mais. Percebendo nossas más tendências teremos nós o livre arbítrio de sucumbir a elas ou não.

      Bem, é um universo muito grande o espiritismo, só Chico Xavier através do espírito Emmanuel, escreveu mais de 400 livros a respeito do mundo espiritual, a bibliografia é extensa, o que pincelei aqui para você é ínfimo, não quero de forma alguma lhe convencer de algo mas, se gosta de conhecimento assim como eu procure entender um pouco mais, é o que o espírita mais admira o questionamento e não a fé cega.

      Há dois mandamentos no espiritismo:

      Espíritas, amai-vos e instruí-vos.

      Muita paz.

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  14. E ai, Julio, blz?

    Cara... Não! O espiritismo não é uma ciência! (A não ser para os espíritas, né?) rsrs
    Quem está apto a dizer se o espiritismo é ou não uma ciência não são os espíritas, mas a comunidade científica. Do contrário, seria fácil fundar uma "ciência", juntam-se todos os redatores de horóscopo e dizem ao mundo que a astrologia é uma ciência. Não é assim que funciona. Para compreender isso é necessário que se entenda o método científico, tanto o método clássico (Descartes) como suas vertentes (Karl Popper e Kuhn).
    Veja, Julio, o método científico é fundado em vários requisitos que, certamente, não está entre eles o da autoridade (daí, pouco importa se Kardec era médico, doutor, PHD ou se escreveu 1, 10 ou 1500 livros; o mesmo serve para Chico Xavier. Vá a qualquer livraria do mundo e veja em qual seção está os livros de espiritismo, se na de livros científicos ou na de religiosos). Os livros de espiritismo não se encontram junto com os de Química, física, Matemática, Psicologia, Biologia e afins, estas sim, reconhecidas como ciências por qualquer um que entenda as premissas do método científico.
    Não é tão breve, mas dê uma lida: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_cient%C3%ADfico
    A possibilidade de falseamento de uma hipótese para que esta seja tomada como um dado científico (Karl Popper) é essencial para admitirmos o que é ciência e o que não é, bem como as possibilidades de verificação, repetição e etc... É baseado nisso que afirmo que o espiritismo não é uma ciência, pois NÃO POSSO VERIFICAR SE SÃO REAIS, SÃO DADOS INVERIFICÁVEIS! Isso se aplica tanto a noção de karma, quanto de reencarnação, de "causa e efeito" e tudo mais que é dito pelos espíritas. Entenda, eu não posso verificar se eu vivi outra vida ou não, eu tenho que CRER nisso! Eu preciso ter fé. "Wesley viveu outras vidas passadas" não é um dado científico e nem será enquanto isso estiver no âmbito da mera especulação. Ou vc pode me PROVAR que eu vivi outras vidas? Isso é um FATO INCONTROVERSO? Pois, dados científicos são incontroversos, exemplo: 2+2=4. Entende a diferença? O espiritismo é uma religião. É uma questão de fé, e a fé é requisito indispensável para que ele seja admitido. Para se admitir dados científicos não é necessário fé, mas sim provas.
    Veja também esse texto: http://ceticismo.net/ceticismo/um-dragao-em-minha-garagem/
    Para distinguir o que é ciência e o que não é, não é necessário ser um cientista, mas apenas ser CÉTICO. Se entender as premissas do ceticismo, começará, automaticamente, a fazer essas distinções. Sem ceticismo, tudo pode ser científico (quando na verdade é místico ou pseudo-científico).

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  15. O conceito de ciência do dicionário não serve, pois é demasiadamente amplo e se refere a qualquer tipo de conhecimento humano que exista, seja ele verificável ou não.
    Outra distinção que ajuda é entre indução e dedução (procure estudar sobre). Popper condena, acertadamente, o método indutivo como forma de fixar dados como científicos.

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  16. Quanto às visões de justiça e bondade no mundo através da noção de karma proposta pelos espíritas, Julio, na boa... Deus é mesmo um sádico dentro dessa visão. Não há outra palavra. Veja... Metaforicamente, o mundo do Deus espírita é um imenso laboratório, no qual Ele vai pondo seus "filhos", vai impondo ou retirando obstáculos conforme seus comportamentos e a partir disso vai fazendo suas anotações . Não há diferença nenhuma das experiências de behaviorismo feitas com com ratos de laboratório. É muita bondade!!! rsrs
    Deus pega uma alma, põe em um corpo e diz: "Vamos ver como ele se sai..." Daí essa alma nasce. Lembrando que a quantidade de obstáculos que ela vai encontrar pela vida são de acordo com o que ela fez na vida passada (mesmo não lembrando absolutamente nada do que ela fez dessa outra vida). Isso pode levar a crer que não há almas novas e que desde que o mundo foi criado existe a mesma quantidade de almas. Mas, não acredito que Kardec tenha sido tão inocente. Por isso, mesmo não sabendo nada sobre ele, arrisco dizer que no livro dos espíritos deva existir alguma hipótese em que Deus considera a necessidade de "almas virgens", de novas cobaias no seu mundo (laboratório). Imagino que Deus se canse das almas velhas e precise de mais figurantes no seu experimento para testar o comportamento de suas cobaias. Daí ele cria uma alma nova, que pode ser até mesmo um feto anencéfalo, só para ficar na barriga da gestante por 9 meses e vir ao mundo natimorto, afinal, a finalidade não era mesmo a vida da criança, mas sim o sofrimento da mãe (mais uma vez: quanta bondade e justiça!)
    A justiça espírita também esbarra na questão do livre arbítrio quando Deus impõe provações obrigatórias (karmas, que podem ser tranquilamente comparados ao que o senso comum chama de destino) da quais ninguém pode se livrar. Portanto, pouco importa que vc tenha livre arbítrio ou não, pois ninguém irá se livrar de seus karmas, tendo todos que passar por eles. De fato somos marionetes (a foto do meu texto no blog ilustra perfeitamente). Sendo assim, se Deus preparou para mim uma morte com câncer no estômago aos 40 anos, não importa o que eu faça: esse é o meu karma! Já nasci programado para cumprir essa missão! É isso mesmo, Julio? Pelo que vc disse, entendo que seja isso. Se for, mais uma vez: quanta justiça e bondade! Levando em conta que vc esteja certo, espero que, já que Deus não me deu uma lembrança das coisas que eu tenha feito na vida passada para que evitasse os mesmos erros nessa vida, que Ele então me dê, após a morte, lembranças dessa vida, para que eu possa ter uma conversa franca com Ele lá no "além-mundo". Tenho certeza que poderei ensinar-lhe bastante e mostrando-lhe o quanto nós, humanos, evoluímos (ao menos teoricamente) quanto aos quesitos justiça e bondade.

    Um abraço!

    PS.: a hipótese de que Deus seja, no espiritismo, um ente onisciente, também não pode ser cogitada. Pois se Deus o fosse, já saberia como agiria, de antemão, suas crias. Mas não, Deus criou, propositalmente, seres imperfeitos para se digladiarem na Terra e aprenderem lentamente, através do sofrimento, vida após vida, como serem bons. Mesmo que para isso tenham que matar outras pessoas, morrer de fome, de desgraça e etc. Tudo isso baseado na sua infinita e divina bondade!

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  17. É wesleey, pena... Encerro aqui o nosso diálogo, não expus tudo isso para convencê-lo de algo, apenas para lhe mostrar um outra forma de pensar, mas pela minha percepção você nem se deu ao trabalho de pesquisar, através das fontes que lhe passei, o que é o espiritismo e seus mecanismos e vem cheio de suposições, como disse o próprio cristo:

    Mateu 7:6-7

    Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.
    Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.
    Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á.

    Muita luz,
    fique em paz

    Júlio.

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  18. Julio,

    Como já disse em um outro texto aqui neste blog mesmo, essa coisa de crer ou não crer não é uma opção. A gente não crê naquilo que escolhe, mas sim naquilo que faz sentido e que atende nossas demandas. Não sou ateu por opção, mas por convicção. A maneira pela qual vejo as coisas passa pelo meu ceticismo, logo, preciso sentir as coisas, vê-las, experimentá-las. Passei do estágio da crença, do místico, do mistério dito. Não tenho essa demanda. Vivo tranquilamente com minha noção de finitude. Para voltar a esse "mundo encantado", precisaria de algo que minha lógica não pudesse dar conta. Hoje, tudo que vejo me parece mundano e explicável. O que vc chama de "karma" eu chamo de escolha ou de azar, pois nem tudo que nos ocorre é consequência de nossas escolhas. Sendo assim, para que eu mude de ideia, não me bastará livros, nem relatos, mas sim ver um espírito, ou conversar com Deus, ou com Nossa Senhora, ou com um ET, ou com qualquer ente sobrenatural. Em outras palavras, precisaria de uma experiência que desafiasse minha razão para que me convença de que estou errado. É através dos meus sentidos que capto o universo. É com a minha lógica que tiro minhas conclusões e não com o que disseram os líderes religiosos, seus fundadores ou gurus. Não me importa o que Jesus disse, o que Buda ou Kardec disse. Tenho um pensamento livre, desprendido de dogmas, que me permite fazer e refazer minhas ideias conforme aquilo que apalpo. A sociedade caminha independente do que disseram os ícones religiosos. Estes foram influentes, claro, mas hoje o que guia a humanidade é o próprio reconhecer-se humano. Não há máxima maior do que a cristã, de que não se deve fazer ao próximo o que não queremos que seja feito a nós. Porém, esse "nós" foi reformulado através dos séculos, pois "nós", mesmo na época de Jesus, jamais quis dizer "todos nós", "todos os humanos do planeta", mas sim aqueles que faziam parte de um grupo específico, sendo então excluídos os estrangeiros, homossexuais, ateus, negros e etc. A própria igreja caçou os que não faziam parte do "nós". Depois, "nós" tornou-se mais amplo e contemplou quase todos, menos os negros e índios. Hitler caçou outros que ele não considerava parte de "nós". Mas, a cada dia, "nós" é mais e mais amplo.
    Diria que, atualmente, em 2012, qualquer pessoa esclarecida e civilizada já entendeu que "nós" se refere à raça humana, sem nenhuma distinção. Nós, somos eu, vc, os católicos, os negros, macumbeiros, os satanistas, os deficientes, os gays, os prostituídos, os drogados, os clérigos, os deficientes, os dementes, os psicopatas, os assassinos, os caridosos, enfim... Para fazer parte do "nós", basta apenas um requisito: fazer parte da raça humana. Como ser humano, qualquer um tem os mesmos direitos e deveres.

    Digo tudo isso apenas para concluir que, para que sejamos morais, éticos e solidários, basta sabermos quem é um ser humano e, para saber isso, não precisamos de nenhuma religião, livro, filosofia, guru ou instituição. Basta apenas olharmos para o lado e vermos se estamos diante de um semelhante. O resto é engodo, é remédio de efeito placebo dispensável e sem nenhuma garantia.

    Um abraço e seja bem-vindo ao blog sempre que quiser comentar. Paz aí também.

    Vai aí, para encerrar, uma curta mensagem:
    http://catarsenoturna.blogspot.com.br/2011/01/richard-dawkins.html

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  19. OK Wesley!

    Obrigado pela oportunidade que tive de trazer um pouco da nossa doutrina. Já me dou por muito satisfeito que você enxergue o semelhante como um irmão, um igual e o inclui no "nós", eu até arriscaria dizer que você é um daqueles ateus mais cristãos que já vi por ai.

    Muita paz, e sempre que der passarei por aqui para lhe dar um alô.

    Júlio

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  20. Rum... Vcs estão, todos aqui, bastante confusos... Muito confusos. "Sabedoria" desse mundo...

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  21. "Sabedoria desse mundo" foi boa... Talvez a sabedoria alienígena deva ser menos confusa, né?! rsrs.

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