domingo, 30 de janeiro de 2011

Desejo e a Bolsa Amarela


Que droga!

Mais uma vez às vontades.

Me torno dona incontrolável dos meus desejos. Tento sentir com a razão, me controlar para não ir.

- Será que devo?

- O que?

- Controlar, ora!

Não sei o limite da consequência e da inconsequência, do ir ou do ficar. Só sei que quero e não estou conseguindo controlar. Minha bolsa amarela tá que não se aguenta. Ontem, quase que arrebenta. Já remendei a alça várias vezes, mas as pedras... pesam, viu?

Tento pedir ajuda, alguém pra dividir o desejo, os sonhos, mas quem é o outro se não espectador do meu prazer ou desprazer? Alguns se sujeitam a dicas, conselhos e tem mil opiniões a oferecer, mas ai, ai, o desejo é surdo e não quer nem saber. Ele continua preso na bolsa, sem espaço pra nascer, crescendo até uma hora que a bolsa vai romper.

Não sei se vou ou se fico, o problema é que tá dolorido, todo esse agito, esquisito, aqui comigo. Sexta feira eu resolvo, na segunda eu decido, na terça eu desisto e começo tudo de novo.

Tormento dos aflitos é quando um "desejo bonito," se torna sucumbido pela permissão da carteira vazia, desprovido e da alma sem coragem, em busca do desconhecido.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Primeiros aforismos

Sempre falo para as pessoas sobre minha paixão pela filosofia. Não raramente, escuto delas que filosofia é muito complicado ou então que é “coisa de gente doida”. Até agora não entendi porque pensar de forma crítica, na tentativa de compreender melhor o mundo em que vivemos, possa ser tão sofrível, complexo ou insano.

Para os gregos, Deus estava no Olimpo - uma alta montanha da Grécia. Mas um belo dia, o homem escalou o Olimpo. Jesus desmentiu os gregos e disse que “Nosso Senhor” está no céu. Galileu e Copérnico surgiram séculos depois e expulsaram-no de lá através de seus estudos. Bem adiante, foi a vez de Darwin provar-nos que não fomos criados à imagem e semelhança de Deus como imaginávamos, a não ser que Ele seja um primata. O discurso se modernizou e a igreja nos conscientizou de que Deus, na verdade, está "dentro de nós". Freud, por sua vez, com a descoberta do inconsciente, expulsou Deus de dentro de nós também. Mais recentemente, o atual Papa disse que Deus foi responsável pelo Big Bang e que o Gênesis é uma alegoria. Acredito que Deus agora está no limbo, lá no início de tudo, onde a ciência talvez nunca alcance. A atitude do Papa foi emergencial e necessária para assegurar a "existência" do “Todo-poderoso”.

O que as pessoas chamam de “sonho” deve ser sempre algo irrealizável ou, no mínimo, remotamente realizável. Do contrário, é melhor chamar de meta, objetivo ou plano. Isso talvez possa, prática e psicologicamente, encurtar a distância entre o desejo e a realização.

Conforme Hans Kelsen, uma norma sem coercitividade não pode atingir sua eficácia. Da mesma maneira devemos entender o demônio e o inferno dentro dos planos divinos. O que seria de Deus sem eles? Podemos inferir então que o inferno não pode ser aqui como muitos pensam. Senão, onde residirá a coerção divina?

Quando há rumores de que algum pastor está usando a arrecadação da igreja em benefício próprio, os fiéis não se enfurecem e nem precisam disso. Eles têm a convicção de que, se o pastor está fazendo isso, Deus o castigará. E por isso, nenhum deles deixará de pagar os dízimos seguintes. O dinheiro é para Deus e Ele sabe o que fazer e como punir quem pratica o furto. O mesmo não acontece quando o caso deixa de ser furto e passa a ser homossexualismo, aborto, drogas, alcoolismo, adultério, entre outros. Pela atitude da maioria dos evangélicos frente a estes problemas, concluo que o Deus deles só saiba punir sem interferência de terceiros os casos de furto.

Durante a vida, uma pessoa comum vive solteira por apenas três motivos:
1 - Por opção: ela deseja estar solteira.
2 - Por incompetência: ela não consegue segurar e nem administrar os relacionamentos que inicia ou não sabe bem como iniciá-los.
3 - Por arrogância: a pessoa se acha tão especial que ninguém serve para ela. Ninguém está ao seu nível.
Conclusão: se você tem saúde, está solteiro, buscando alguém para se relacionar e, depois de várias tentativas nada funcionou, seja mais humilde e inteligente para compreender as pessoas. Assim seu objetivo será alcançado.

A fé atua onde a ciência falha. Ela é a opção daqueles que não conseguem conviver com a dúvida e com o fato de que a ciência nunca resolverá todos os conflitos humanos (e nem é este o objetivo dela). Com isso, a fé acaba cunhando respostas improváveis e ilógicas que não explicam nada. Mas tudo bem. Elas cumprem bem a função de preencher as lacunas da ciência.

Se alguém lhe elogia a beleza você pode, como muitos, dizer: "são seus olhos". Ou simplesmente: "obrigado". Geralmente a resposta irá variar conforme a autoestima de quem recebe o elogio.

A modéstia cabe muito bem nas situações em que você não está seguro sobre aquilo que está falando. Do contrário, ela não serve para absolutamente nada!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A lição de Richard Dawkins

"Nós vamos morrer, e isso nos torna afortunados. A maioria das pessoas nunca vai morrer, porque nunca vai nascer. As pessoas potenciais que poderiam estar no meu lugar, mas que jamais verão a luz o dia, são mais numerosas que os grãos de areia da Arábia. Certamente esses fantasmas não nascidos incluem poetas maiores que Keats, cientistas maiores que Newton. Sabemos disso porque o conjunto das pessoas possíveis permitidas pelo nosso DNA excede em muito o conjunto de pessoas reais. Apesar dessas probabilidades assombrosas, somos eu e você, com toda a nossa banalidade, que aqui estamos...
Nós, uns poucos privilegiados que ganharam na loteria do nascimento, contrariando todas as probabilidades, como nos atrevemos a choramingar por causa do retorno inevitável àquele estado anterior, do qual a enorme maioria jamais nem saiu?"

Trecho extraído da obra "Deus, um delírio" de Richard Dawkins.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A VIDA CRUZA CAMINHOS



A vida é uma coisa doida mesmo né? É uma longa viagem de trem, embora hoje quiséssemos andar só de avião pra chegar mais rápido. Mas a velocidade nem sempre é substancial nessa viagem. Às vezes é preciso desacelerar e ir mantendo o ritmo da locomotiva.

Durante a viagem parece aquela placa: “Pare, olhe, escute, cuidado ao atravessar”. Bate uma dúvida cruel, vou ou não vou? Todo mundo já se deparou com essa placa, pelo menos uma vez na vida. Muita gente já parou muitas vezes e tem gente que nem para, segue direto sem ver os sinais. Isso porque em alguns momentos estamos surdos e cegos. A verdade é que cada um faz as suas escolhas, errando ou acertando. Isso é a vida!!!

O combustível dessa viagem é a nossa motivação, nosso desejo de chegar depois da montanha. São os momentos de alegria, de prazer, as dores e decepções que nos fazem partir e dar a largada novamente. É preciso deixar as “estações” para trás e seguir em frente. Nas janelas dos vagões muita história vai se acumulando na nossa memória. São paisagens de dias quentes, calorosos, são paisagens de dias difíceis chuvosos. São primaveras e flores, são vendavais e tempestades.

Em algumas estações passageiros saem e novos adentram na nossa locomotiva, trazendo suas bagagens cheias de sonhos, amores, decepções e desejos. Esses passageiros são deliciosas surpresas que encantam e direcionam nossa viagem. Afinal, quantas vezes mudamos nossa direção, mudamos o rumo só para seguir mais um pouquinho com quem a gente ama? Isso é a melhor parte da viagem: cortar caminhos, conhecer pessoas, cidades, novas paisagens.

Outra coisa nessa viagem é quando saímos do trilho. Dá um trabalho, um frio na barriga! Mas é preciso correr riscos. Viver aventuras, explorar, experimentar e saber a hora certa de engatar de novo.

Então a locomotiva segue. É hora de dizer: Boa viagem! Até a próxima parada, a gente se encontra por ai.

Foto: by Tatiane Martins - www.flickr.com/photos/tatianemartins/