sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Resposta geral

Frequentemente, tenho que responder as mesmas perguntas de sempre quando manifesto a minha descrença em deuses, novenas, promessas, religiões e afins. Num ímpeto, me vem uma questão pós interrogatório a respeito da minha descrença: porque é tão absurdo não crer em deus?
Perguntas do tipo “que sentido tem sua vida?” ou “o que vai ser de você depois que morrer?”, acredito serem as mais comuns. É verdade que ser diferente, andar na contramão, gera certa repulsa. Mas a intolerância é demasiada. Poderia eu, fazer dezenas de perguntas também aos que creem, tão absurdas (ou não), e tão agressivas quanto as que me fazem. Poderia fazer a mesma cara de espanto quando me dizem que pagaram 10% do salário ao pastor. Mas não as faço, exceto quando a conversa está descambando com a insistente e infeliz argumentação da outra parte. Sou compreensivo e paciente com os que creem, mesmo com os mais fanáticos, pois eu já cri um dia. Não nasci ateu, aliás... Todos nós nascemos ateus, mas nossa família e a sociedade se encarregam de mudar essa natureza, não é?
Apesar da vontade em explicar meu posicionamento, percebo que poucas pessoas se esforçam para entender a simplicidade do meu ceticismo. Não se trata de querer dar ou não dar satisfações sobre mim. Discuto por um motivo que considero maior. Acredito que agindo assim, posso romper um pouco com o preconceito que há com o ateísmo na sociedade em que vivo e com as pessoas do meu cotidiano, afinal, ninguém vive isoladamente e não quero poupar palavras por não querer me expor ou para evitar julgamentos precipitados.
Além do impasse da finitude da vida humana, não há outro âmbito, onde a religião e a crença possam ser mais eficazes do que as ciências e os conhecimentos trazidos por esta para trazer esclarecimento. “O problema não é as ciências não responderem tudo, é a religião não responder nada”. Por isso a minha facilidade em lidar com uma vida sem deuses. Eu tenho as respostas que preciso. Definitivamente, não me importa o que vem depois da morte. Quero viver e ser feliz aqui e agora, neste mundo, nesta vida. Este posicionamento me faz viver como se não houvesse uma promoção com uma vida eterna no paraíso, onde reencontrarei todos os meus parentes falecidos, todos muito felizes, cercados de carneirinhos saltitantes e anjinhos tocando harpa. Não ajo na expectativa de recompensas póstumas, como se um deus estivesse lá em cima anotando tudo e somando os pontos, isso não é benevolência nem caridade. Recompensas são pagamentos e o que é feito de coração não se cobra. O que tem de bondoso em se dar um prato de comida ao faminto, quando o que se faz, é na esperança de que se está aproximando da “vida eterna”? Isso é um comportamento condicional. É uma troca. Muitos religiosos (pra não dizer a maioria), agem pela recompensa, sem a qual, não se moveriam em favor do próximo.
Não entrarei nos méritos que questionam e comprometem a existência de deus e nem o quanto é mero detalhe ter ou não uma religião, já que são temas extensos e complexos para uma maioria que se nega a esforçar para entender o que é o ateísmo. Também não escrevo nem falo para “desconverter” ninguém. Não tenho esse propósito. Na verdade, até prefiro que fiquem com suas crenças, desde que respeitem quem não as tem. Se estas são o motivo que as fazem pessoas de bem, independente da finalidade de seus atos, quero que continuem. Por outro lado, não seria mais fácil imaginar que se as pessoas fossem bondosas de verdade, provavelmente poderíamos fazer dessa própria vida um paraíso? Me preocupa mais o que abala a estrutura mundial hoje. Se a crise financeira ou a de consciência...

Nenhum comentário:

Postar um comentário