sexta-feira, 17 de julho de 2009

Em um futuro não muito distante...

Mesmo com uma ala radical da Igreja Católica apoiada pelo Papa Bento XVI (que de bento não vejo nada) tornando-se mais evidente com a posse deste, ainda sim, o que se vê há tempos, no Brasil e em boa parte do Ocidente, é uma decadência do Catolicismo. Me pergunto se o meu meio poderia causar-me uma falsa impressão. Creio que não. Tido como o maior país católico do mundo, o Brasil apresenta uma sociedade religiosa interessante: perdida ideologicamente e dotada de seguidores tão perdidos quanto.
Primeiramente, gostaria de saber definidamente o que é um "católico-não-praticante". Como funciona isso? O título dado parece ser claro. A meu ver, nem tanto. O que é pertencer a um grupo ou comunidade religiosa da qual não comungo as mesmas atitudes, doutrinas, dogmas e comportamentos? Comparo a um torcedor de futebol, mas que não vai ao estádio, não assiste aos jogos do seu time, nem acompanha placares, resultados, campeonatos e etc. Que tipo de torcedor é esse? Em que ele colabora para o seu time e o que o time pode esperar dele? O "católico-não-praticante" é para a Igreja o mesmo que esse torcedor para o seu time. Nada! Ele apenas faz números, pois se perguntado sobre sua religião, ele se afirmará católico, mesmo tendo ido à igreja pela última vez há 3 anos atrás para um casamento de um amigo. Caso este "fiel" tenha um filho, o batizará também conforme a tradição e apenas fará mais números. E para piorar (ou melhorar), vejo que os católicos-não-praticantes são maioria! Duvida? Olhe a sua volta, no trabalho, na escola, na família, quantos se intitulam católicos e frequentam regularmente a igreja. Não se espante se for apenas alguns. Percebe-se nitidamente a diferença, a nível de devoção, dos evangélicos, espíritas e outros religiosos para os católicos.
Outro tipo de católico não menos interessante, é o "católico-x-tudo", que também tem sido cada vez mais comum na sociedade moderna brasileira: ele possui cristais e outros artefatos para atrair a "boa energia" e afastar o "mau-olhado", acende uma vela para os Orixás na sexta-feira, não come carne vermelha na sexta-feira santa, acredita que já esteve neste planeta em vidas passadas, faz simpatias, benzeções e não abre mão da missa católica aos domingos pela manhã. "Católico Apostólico Baiano", entitulou Rey Biannchi.
Ironias a parte, acho que ninguém discorda que nossos avós eram mais fiéis ideologicamente quanto participativos no que se diz respeito a religião católica.
Alguns poderiam me perguntar, "mas que mal tem isso?". E eu diria: Todo! (Não para mim, mas para o Catolicismo). Isso se deve a perda de unidade e de sustentação do argumento religioso diante do momento histórico em que vivemos, onde a ciência avança a passos largos e cada um quer fundar sua própria crença, sua maneira de orar, se agarrar onde puder e criar seu próprio Deus. Pra alguns poucos, ele ainda é o Deus bíblico, onipotente, onipresente e onisciente. Para outros, é uma "energia", um "ente indefinido"... Para alguns, ele existe, mas não mata nem salva ninguém. Já ouvi dizer que ele apenas "influencia" na vida das pessoas para que elas sigam o caminho do bem, mas que o "livre-arbítrio" dado aos homens é que porá o ponto final. Bom... se assim for, posso brincar de Deus também, já que posso influenciar as pessoas para fazerem o bem e também gero e possuo energia. Ou seja, o Catolicismo está em queda e Deus, para grande parte das pessoas, ficou impotente e relativizado, porém não se deram conta disso. Sua definição é, a cada dia que passa, mais vaga, subjetiva, sem unidade e dotada de poderes medíocres.
A verdade é que a ciência causou uma cisão tal na religião que o que há, é um caminho sem volta. Cisão que tende a cada dia ser mais profunda e espessa. Como crer em Adão e Eva com o evolucionismo mais do que comprovado? Já ouvi por ai que "Adão e Eva são uma metáfora", que são um "sentido figurado", uma "representação". Talvez hoje essa reinterpretação seja aceita facilmente entre os jovens, mas não foi assim para a maioria de nossos antepassados que acreditaram nos dogmas cegamente.
Sim. É extremamente necessário questionar, desmistificar, rever e reformular. A sociedade é isso: dinamismo. E a ciência é essencialmente revisionista. Está sempre se desconstruindo e reformulando, abrindo espaço para novos conhecimentos, expandindo e revolucionando. Esta é a sua principal diferença, na ciência não há uma verdade absoluta. É uma busca incessante pelo saber e pelo bem-estar humano, sempre aprimorando-se.
Como tudo tem consequências, não devemos nos assustar se em um futuro próximo, com o percorrer desta jornada científica, percebermos que estamos sozinhos e que somos nós os responsáveis por tudo aqui nesta vida, de ruim e de bom, sem interferências ou influências, desde o início da civilização e por todo o resto adiante.

3 comentários:

  1. provavelmente se essas mesmas pessoas tivessem nascido em outra parte da terra... seria mulcumanos, hindus etc.

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  2. qual beneficio da adoraçao PRO-FORMA? wesley parabens pelo texto.. o exemplo do torcedor foi bem pertinente. abraço will.

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  3. Masssa d+ kra!!! As pessoas que dizem "crer" em Deus as vezes tomam isso como refugio de uma exclusão social, porem nao buscam ter uma proximidade com o proprio!!!
    Você sabe que eu acredito nele, e acredito em uma relação de amizade paterna que possuo com Deus.
    Porém não posso desmerecer esse texto muito bem escrito!!! Parabéns cara ficou muito massa.
    Beto

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