sábado, 25 de julho de 2009

"Um por todos e todos por um"

Disse o filósofo francês Joseph De Maistre (1753-1821): "Cada povo tem o Governo que merece". Nada mais sábio! Todavia, não é o que parece quando conversamos com as pessoas por aí sobre a política. Em sua grande maioria, o povo, parece crer que o congresso é uma espécie de sociedade a parte, como se esta não saísse do mesmo lugar de onde todos saíram. Muitos se esquecem, que os eleitos um dia também foram povo, um dia também elegeram, estudaram nas mesmas escolas que muitos e vêem de famílias tipicamente brasileiras. Ou seja, são frutos de uma mesma cultura e a política que estes fazem, é reflexo de seu meio.
Cultura esta, de gente que valoriza a “esperteza”, que acha bonito ser malandro e que sempre “dá um jeitinho” pra tudo. Cultura de gente que paga outra pra ficar na fila para assegurar um lugar. Gente que “fura fila”, que dá uma grana pro guarda liberar da multa, que fica calado quando recebe um troco a mais no comércio, que finge de bobo quando a conta vem menor em um barzinho. Gente que se sente tranquila para falsificar a assinatura do colega de sala para tirar uma nota melhor na prova, que finge estar dormindo quando um idoso entra no ônibus e quer sentar no lugar que lhe é reservado. Só não vê isso por todos os lados quem não sai de casa.
Livrem-me do argumento: “você não pode generalizar”. Posso sim! Não porque todos, sem exceção, fazem isso, mas porque uma parte muito grande das pessoas o faz sem nenhum peso na consciência e a outra parte permite, de forma tácita, como se não fosse problema delas, corrobora o comportamento dos outros. “O problema não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons.” Ser indiferente a tudo isso não justifica nem exime; consente. Alguém duvida, que em uma reunião, palestra ou evento com grande número de pessoas, em que os organizadores forneça em uma mesa, exatamente um pão como lanche para cada um, no final, os que ficarem por último correrão sério risco de ficarem sem o lanche? Quem é que, sabendo que tem um lanche para cada, não corre para pegar o seu pão com receio de ficar sem? A sensação é sintomática.
Esse é o maior problema no Brasil. Não é a pobreza, nem o Congresso, nem o Judiciário, nem os impostos ou a violência. É a educação. Digo, a educação moral e ética, coisa que não se aprende na escola nem na rua. É um problema de consciência, coisa rara por aqui. Qual a diferença entre roubar um chocolate na mercearia ou no bar e roubar um milhão de reias dos cofres públicos? Propocionalmente, o prejuízo aos proprietários é comparável .
Pensemos bem em nossas ações, em nossas escolhas e em nossas palavras, para que não fiquemos procurando culpados e nos esqueçamos de quem é que está construindo essa sociedade. A sensação é de nadar contra a correnteza, eu sei. Mas virar as costas não resolve o impasse. Comportar-se normalmente numa sociedade doente, não é sinônimo de saúde. Depois não vá reclamar, nem do espertinho que entrou na sua frente na fila, nem do deputado que constrói castelo com dinheiro do povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário